sábado, 30 de junho de 2007

Trips III

Toledo - Espanha


Casa Das Conchas
Salamanca - Espanha



Fotos: Guilherme Gonçalves/2003

Clássico II

Break Violento



Grande fase dos Amiks!
(Vídeo - Montagem: Pedro Rosa 2005)

Vida

Nem todo mundo nasceu como Macunaíma...
mas o final é sempre o mesmo






Macunaíma

Esse filme retrata bem o que é o Brasil hoje...



Direção de Joaquim Pedro de Andrade. Com Grande Otelo, Paulo José, Jardel Filho, Dina Sfat, Milton Gonçalves, Rodolfo Arena e Joana Fomm.


Feiúra não é documento”. Talvez a frase que Grande Otelo diz ao ser chamado de “menino feio” por seus parentes soe ironicamente contraditória ao analisarmos a personalidade dos personagens de Macunaíma.
Rodado no final dos anos 60, o filme é uma leitura da obra literária homônima escrita em 1928 por Mário de Andrade. A visão do diretor Joaquim Pedro de Andrade reflete na tela uma interpretação “atualizada” do livro e, por isso, traz elementos que representam o cenário sócio-cultural brasileiro daquela época – e também um pouco do atual, em certos aspectos.
O filme fez parte do movimento do Cinema Novo, que procurava estabelecer uma identidade autoral para a cinematografia brasileira, longe das produções de estúdio e das chanchadas fantasiosas. Curiosamente, foi com um dos maiores representantes da chanchada brasileira, Grande Otelo, que o Cinema Novo conseguiu chegar mais perto de seu objetivo: usar a câmera como instrumento de denúncia e ferramenta intelectual e ser, ao mesmo tempo, um cinema de aceitação popular.
Para conseguir isso, Joaquim Pedro de Andrade contou a história original com o olhar da realidade brasileira das décadas de 60 e 70, quando o país vivia tempos de repressão militar e passava por um momento de crise e indefinição política, econômica, social e cultural. Como a vigência do AI-5 ditava as regras, a forma que o Cinema Novo encontrou para representar a realidade nos filmes foi a alegoria. Neste aspecto, Andrade utiliza com genialidade elementos do folclore brasileiro (as lendas de Curupira e de Iara) e diversos aspectos de nossa cultura (o candomblé, o samba), para satirizar e criticar a sociedade daquele momento de transição.
A principal alegoria percebida no filme reside no próprio protagonista. Macunaíma (na “fase negra”, interpretado por Grande Otelo) é a grande paródia proposta, a grande ironia do diretor, que o apresenta como “herói de nossa gente” no momento em que ele nasce em uma cabana no meio do mato, sendo praticamente defecado pela mãe. A descrição do personagem chama a atenção: “Dormia o dia inteiro, mas acordava para ganhar dinheiro”. Não bastasse sua inerente preguiça, Macunaíma é manhoso e chora para conseguir o quer – mas nem sempre consegue. Quando a família reparte os pedaços de uma anta durante a refeição, Macunaíma fica apenas com as tripas do animal. “Pra você tá muito bom! Come e não discute!”, respondem os irmãos e a mãe do “garoto” à sua reclamação.
Este é o nosso herói, o representante de nossa gente. Quem o governa, o despreza. Mas quando se pensa que Macunaíma se sente subjugado pelo poder, ele se transforma. Ao encontrar uma fonte mágica e se transformar em um homem branco (o ótimo Paulo José), ele brada: “Fiquei branco! Fiquei lindo!”, ao passo que seu irmão negro não consegue passar pela mesma metamorfose. Como resultado, Macunaíma automaticamente torna-se o líder da família, ficando, inclusive, com a mulher do irmão negro. Toca-se aqui no ponto cínico do racismo, que ainda faz parte da sociedade brasileira. O negro, ou o feio, além de ser socialmente menosprezado, se vê em um papel passivo frente à hegemonia branca e a idolatria ao modelo europeu. Feiúra, neste sentido, é documento, sim.
Mas o filme não cessa no racismo sua metralhadora de crítica social. Outro ponto destacado, entre as várias referências feitas pelo diretor, diz respeito ao individualismo e ao espírito capitalista que se apossava da população. Quando Macunaíma chega à cidade grande com seus irmãos, ele se envolve com uma guerrilheira (outra grande ironia, já que é símbolo de rebeldia), com quem passa a morar e dividir uma casa. Enquanto isso, ele deixa os irmãos na rua, sem moradia e comida. Mais tarde, Macunaíma e a guerrilheira têm um filho, a quem ele aconselha: “Cresce depressa pra você ir pra São Paulo ganhar muito dinheiro”. Esse espírito de lucratividade reflete um (anti) herói possessivo, cujos objetivos só tendem a beneficiar a si próprio, nunca aos outros. Assim, introduz-se outra alegoria referente ao cenário político-econômico do Brasil naquela época: o “gigante” Venceslau é a representação da iniciativa privada e extensão da abertura econômica e da internacionalização do capital nacional.
Como Andrade se baseou em uma obra do modernismo, um elemento claramente observado é a antropofagia, que pode ser encarada como um canibalismo não só cultural, mas também social. Os personagens se devoram, tratam-se com violência, e essa apropriação do outro inclui não só uma interiorização das diversas culturas que chegam até a nossa sociedade, como também de todo o seu caráter e seus problemas.
Nosso herói consegue se dar bem graças ao “jeitinho brasileiro”, mas também demonstra inocência ao ser ludibriado por um vendedor de quem compra um pato que, supostamente, bota moedas em vez de ovos. Neste tom constantemente alegórico, Macunaíma rasga todos os podres da sociedade e mostra como o Brasil era (e ainda é) inocente, assim como o protagonista. (Renato Silveira)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Macuna%C3%ADma

terça-feira, 26 de junho de 2007

Pablo Neruda II

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.

Pablo Neruda
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Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.

Pablo Neruda

Literatura de Cordel



Nas feiras do Nordeste é muito comum encontrar-se bancas onde são vendidos folhetos que atraem a atenção de todos. É a denominada literatura de cordel. Estes folhetos, escritos em versos (sextilhas, septilhas ou décimas), tratam dos assuntos mais variados. Há os “romances”, que contam estórias com a intenção de entreter; os de “opinião”, que criticam fatos ou pessoas. É muito comum também encontrar-se alguns que reproduzem desafios ou contam as aventuras de Lampião ou a vida do Padre Cícero. Cordel é também o jornal nordestino. Os desastres, as inundações, as secas, os cangaceiros, as reviravoltas políticas, alimentam o caráter jornalístico dessa produção, que chega a centenas de títulos por ano. O bom crime é a alegria do poeta, dizem os cordelistas. Quando Getúlio Vargas morreu, mal ouviu a notícia pelo rádio, um dos poetas de cordel começou a escrever: “A lamentável morte de Getúlio Vargas”. Entregou os originais ao meio dia e à tarde recebeu os primeiros exemplares. Vendeu 70.000 em 48 horas. Outro assunto que teve grande repercussão foi “O trágico romance de Doca e Ângela Diniz”. A “Carta do Satanás a Roberto Carlos” também teve grande sucesso, inspirado na canção do “Rei” que dizia: “E que tudo mais vá pro inferno”.
O nome Literatura de cordel foi dado a estes livretos porque eles são vendidos nas feiras e nas portas de lojas, encarreirados em cordéis e presos por prendedores de roupas. Os poetas, autores dessa literatura, são gente tão simples como as pessoas que compram estes livretos. Sua linguagem é a linguagem do povo, por isso despertam tanto interesse. Eles se referem a Deus e ao Diabo, aos heróis do sertão como Jerônimo e Antônio Conselheiro, aos animais consagrados pelo cultura popular como o boi, a cobra e ouros.
Um dos mais famosos poetas de cordel é Rodolfo Cavalcanti, que já escreveu sobre todos os assuntos, inclusive sobre “Os cabeludos de ontem e os cabeludos de hoje”, com interessante crítica a respeito deste tema. Ele disse que esta literatura começou nos idos de 1910, quando os trovadores foram registrando no papel as pelejas dos cantadores e repentistas e vendendo nas feiras populares. Outros cordelistas famosos são: João José da Silva, Abrão Batista, Manuel Caboclo da Silva, Severino Milanês e muitos outros, que com sua poesia animam a vida da população nordestina.
É difícil calcular a importância da literatura de cordel na existência do nordestino. É muito comum as pessoas se reunirem em torno de alguém que saiba ler, para ouvir e até decorar os versos dos folhetos. É provável que grande parte das informações e conhecimentos chegue ao poço do interior através da literatura de cordel. A imigração nordestina espalhou o interesse por estes folhetos por todo o Brasil.
Além da parte literária, o cordel é interessante pelas figuras que apresenta, feitas em xilogravuras, mostrando toda a ingenuidade da arte popular. Aparecem nas gravuras: monstros, o diabo e os elementos que rodeiam os artesãos do cajá, madeira mole que facilita a execução das figuras. São eles os cantadores, vaqueiros, bois, aves e animais diversos. Surgem também figuras humanas, geralmente relacionadas com o assunto dos folhetos.
O cordel sobreviveu ao radinho de pilha e ao avanço da televisão no agreste. Esse jornal do sertão transmitido de pai a filho, de geração a geração, essa literatura popular fonte de inspiração de um Ariano Suassuna e um Guimarães Rosa, resistiu a tudo e a todos os progressos da tecnologia moderna. O cordel sobrevive até na São Paulo cosmopolita, em Osasco e no ABC, regiões onde existe a maior população nordestina do Brasil, depois do Nordeste.
A literatura de cordel, tanto pela sua parte poética, como pela arte da xilogravura, constitui uma das mais interessantes páginas do folclore brasileiro.


Fonte: Folclore Brasileiro / Nilza B. Megale- Petrópolis: Editora Vozes, 1999.


segunda-feira, 25 de junho de 2007

Tarantino

Trips II

Castelo de São Jorge
Lisboa - Portugal

O Porto - Portugal



(Fotos: Guilherme Gonçalves / 2003)

Pablo Neruda


O Poço

Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,
em teu abismo de orgulhosa cólera,
e mal consegues
voltar, trazendo restos
do que achaste
pelas profunduras da tua existência.

Meu amor, o que encontras
em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?
O que vês, de olhos cegos,
rancorosa e ferida?

Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:
um ramo de jasmins todo orvalhado,
um beijo mais profundo que esse abismo.

Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.
Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta.
Ela voltará a ferir-me
sem que tu a dirijas,
porque foi carregada com um instante duro
e esse instante será desarmado em meu peito.

Radiosa me sorri
se minha boca fere.
Não sou um pastor doce
como em contos de fadas,
mas um lenhador que comparte contigo
terras, vento e espinhos das montanhas.

Dá-me amor, me sorri
e me ajuda a ser bom.
Não te firas em mim, seria inútil,
não me firas a mim porque te feres
.

Pablo Neruda (1904 - 1973)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pablo_Neruda

domingo, 24 de junho de 2007

Clássico I

Realmente, os domingos nunca mais foram os mesmos...

Abertura Os Trapalhões 1977 & 1984





Os Trapalhões - Super Heróis

Trips I

Guinness Storehouse
Dublin - Irlanda


Palácio Nacional da Pena
Sintra - Portugal


(Fotos: Guilherme Gonçalves / 2003)

Revivendo a história II

Teatro Municipal de São Paulo

11/09/1911 - Inauguração do Teatro Municipal de São Paulo


O Theatro Municipal de São Paulo nasceu embalando os sonhos de uma cidade que crescia com a indústria e o café e que nada queria dever aos grandes centros culturais do mundo naquele início de século. São Paulo se fortalecia com o fim do ciclo da borracha e com a ascensão de seus barões, mas acabara de perder para um incêndio, em 1898, o Teatro São José (Praça João Mendes), palco das suas principais manifestações artísticas. Tornava-se imperativo construir um espaço à altura das grandes companhias estrangeiras.
Após aprovação na Câmara dos Vereadores, o projeto do secretário da Casa, Gomes Cardim, começou a tornar-se realidade. O arquiteto Ramos de Azevedo e os italianos Cláudio Rossi e Domiziano Rossi iniciaram a construção em 1903 e, após oito anos de trabalho, o Theatro Municipal foi batizado pela ópera Hamlet, de Ambroise Thomas, em 11 de Setembro de 1911, diante de uma multidão de 20 mil pessoas que se acotovelava às suas portas. São Paulo se integrava, então, ao roteiro internacional dos grandes espetáculos. (fonte:http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/cultura/theatromunicipal/historico/0004)

Ilha das Flores


Tele-encéfalo desenvolvido e polegar opositor. O que difere os seres humanos dos bichos é justamente o que lhes coloca na mesma condição.


Gênero Documentário, Experimental
Diretor
Jorge Furtado
Elenco
Ciça Reckziegel
Ano 1989
Duração 13 min
Cor Colorido
Bitola 35mm
País Brasil